10 atitudes para ser uma mãe infeliz

Ser uma mãe infeliz é mais fácil do que parece – como diz o dito popular, ‘não requer prática, nem tampouco habilidade’. Comece praticando estes dez passos, veja só:

1. compare-se: muito, e o tempo todo; analise criteriosamente filhos, maridos e rotinas das amigas (de longe, para não infringir a regra do isolamento, que virá logo a seguir!); elabore listas imaginárias detalhando tudo o que você não tem, não sabe ou não consegue, mas os outros sim; crie mapas mentais das vidas maravilhosas de todas as outras mães do planeta, das habilidades fantásticas de seus filhos e suas conquistas inatingíveis; faça longas planilhas contendo informações detalhadas (quanto mais números e datas, melhor) sobre a precocidade do filho dos outros e as incríveis qualidades das mães perfeitas – para isso, colha farto material nas redes sociais, o melhor espaço para bisbilhotar a perfeição alheia!

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2. isole-se: de todos, e o tempo todo; cultive a solidão como quem cultiva uma planta rara e muito delicada; evite os encontros de mães, não faça novas amizades e distancie-se das antigas, não atenda o telefone nem responda e-mails; se encontrar na pracinha, por obra do acaso, uma mãe que esteja passando pelas mesmas dificuldades, fuja depressa; aliás, evite a pracinha, o cinema e quaisquer passeios; feche-se em casa, de preferência com as cortinas cerradas – sua casa é seu bunker, e você e seu filho(a) não precisam de mais ninguém!

 3. irrite-se: muito, com tudo e o tempo todo; nunca conte até dez, muito menos até cem, antes de perder a cabeça; quando a irritação vier como uma onda, percorrendo seu corpo desde o dedo mindinho até a raiz dos cabelos, entregue-se a ela sem resistência e deixe que tome conta de tudo; quando sentir que começou a se transformar em um monstro verde que cospe fogo e solta fumaça pelas ventas, parabéns, era esse mesmo o objetivo!

4. idealize: a si mesma, a tudo e a todos, muito e o tempo todo; alimente fantasias idílicas sobre a maternidade perfeita que você gostaria de vivenciar, sobre a mãe incrível, onipotente e onipresente, sorridente e disposta 24 horas por dia, que você gostaria de ser; crie imagens mentais sobre os filhos comportados, simpáticos, educados e obedientes em tempo integral que você gostaria de ter; apegue-se a estes sonhos, leve-os sempre debaixo do braço e cuide deles como da sua própria vida – ou melhor, da vida de seus filhos, porque você não é importante, como ficará provado no item a seguir!

5. negligencie-se: esqueça-se de você; deixe de lado suas necessidades, não coma direito, não descanse e jamais se permita fazer algo só para você; elimine da rotina diária tudo o que lhe dá prazer ou ajuda a relaxar; faça sempre pelo outro, mas nunca por você mesma; lembre-se: você não é importante, e o seu bem estar não faz a menor diferença para a felicidade familiar!

6. endureça: consigo e com todos ao seu redor; faça da rigidez sua palavra de ordem e da disciplina militar, sua melhor companheira; jamais flexibilize, respire pouco, aposente o bom humor e não se permita mudar de ideia sob hipótese alguma; seja carrasca de si e dos outros, e se for preciso recorrer à chibata para se autoflagelar pelo que não saiu como deveria, não se contenha – a leveza é a muleta dos fracos!

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7. controle: tudo, e o tempo todo; não delegue, não divida responsabilidades nem deixe que façam por você aquilo que você está tendo dificuldades para fazer sozinha; crie olhos nas costas, nas laterais e em todos os cantos do corpo; seja onipresente e onisciente, exija saber de tudo o tempo todo e cuide de cada mínimo detalhe de tudo o que tem a ver com seus filhos, sua rotina, suas atividades e seu bem-estar; jamais confie em quem quer que seja; não permita que decisões sejam tomadas sem passar pelo seu crivo e aprovação, por mais superficiais e desimportantes que sejam; agarre-se aos pequenos detalhes como a tábuas em um naufrágio; lembre-se, a centralização do poder é sua única garantia de sobrevivência!

8. leve a sério: tudo, e o tempo todo; não brinque, não ria e não ache graça quando as coisas fugirem ao planejamento, ou derem errado; repita todos os dias, ao levantar da cama: ‘muito siso e pouco riso’; dê muita importância a pequenas coisas, programe tudo cartesianamente e não permita que nada lhe surpreenda, em nenhuma circunstância; chute para longe a leveza, a poesia e a graça do cotidiano, e faça com que tudo esteja sempre arrumadinho dentro da caixa correspondente, devidamente etiquetada; ordem, lembre-se, é progresso!

9. guarde para si: tudo, e o tempo todo; não diga nada sobre suas coisas, não compartilhe o que sente nem o que pensa e cultive o silêncio como quem cultiva uma semente preciosa que precisa florescer; guarde seus sentimentos, dúvidas e questões a sete chaves; não estenda a mão e não peça ajuda nem mesmo em caso de vida ou morte; tranque-se em seu próprio mundo, e não divida com ninguém aquilo que te angustia; lembre-se, a palavra é de prata mas o silêncio é de ouro!

10. duvide de seus instintos: quando ouvir a voz da sua consciência, vinda do canto mais profundo do seu coração, ignore-a solenemente; jamais acredite em você mesma, e não tenha ideias próprias a respeito de nada; leia todos os livros em que puder colocar as mãos com fervor religioso e obedeça cegamente as instruções, sem jamais questionar, infringir regras ou acrescentar reflexões pessoais; quando sua voz interior quiser dizer alguma coisa, mande-a calar a boca – lembre-se, o filho é seu, mas o mundo (leia-se a sogra, a cunhada, a amiga da prima, o filho do padeiro da esquina e o especialista clínico da vez) é que sabe dizer como você deve cria-lo!

Satisfação garantida, ou a sua felicidade materna de volta…

*ps: este texto é um exercício de humor e ironia, baseado em atitudes extremadas e opostas ao que caracteriza uma maternagem prazerosa e saudável – não tentem colocar as atitudes acima em prática em casa, pelo bem de vocês e de seus filhos! ;-)

Fonte: Vila Mamíferas

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